quarta-feira, 20 de abril de 2011

Show do Green Day no Rio em 1998


Green Day pela primeira vez no Rio de Janeiro

Achei o backup do meu antigo site e agora o que não vai faltar é material para postagens no blog. Começo falando um pouco sobre o show realizado pelo Green Day no Rio de Janeiro, em 6 de novembro de 1998, na casa de espetáculos Metropolitan (hoje Citibank Hall). Esse era o segundo show da banda em terras brasileiras (o primeiro havia sido em Belo Horizonte, um dia antes), e fazia parte da turnê mundial de promoção do Nimrod, 4º álbum de estúdio, lançado em 97.

Houve uma divulgação discreta da presença da banda em terras canarinhas, que foi realizada principalmente pela MTV Brasil. Na Rede Globo, só vi uma pequena matéria na agenda da semana do Video Show. Só pra contextualizar, em 98 o Green Day não tinha a mesma popularidade de hoje. Basicamente, os interessados no show eram em sua maioria pessoas que viveram o sucesso do Dookie em 94.

Cartaz de publicidade do show

Com 19 anos recém completados e morando no Espírito Santo na época, escolhi assistir esta apresentação, mesmo com vontade de ir em todas as outras (além de BH e Rio, o Green Day também tocou em São Paulo, nos dias 7 e 8 de novambro). O ingresso tinha o valor de R$ 40,00, mas podia ser comprado à R$ 35,00 com antecedência (muito diferente dos preços que pagamos hoje em dia).

Ingresso com taxa de conveniência

Scan do ingresso do show

Para descrever como foi a apresentação, coloco abaixo resenha publicada na revista Showbizz de dezembro de 98:

"A festa começou mais cedo, quando três roadies do Green Day invadiram o palco para um showzinho de abertura. Uma faixa os identificava como Lub' Machine (corruptela de Love Machine, "máquina do amor"). Apesar do nome nada punk, a "abordagem musical" era a mais desleixada e ignorante possível - exatamente o que um roqueiro adolescente quer. Maltratando dois acordes por canção (ou quase isso), os roadies fizeram a molecada enlouquecida pular feito pipoca. Depois de 20 minutos, estava feito o aquecimento.

Billie Joe, Mike Dirnt e Tré Cool entraram e emendaram, de enfiada, as três primeiras músicas do álbum Nimrod: "Nice Guys Finish Last", Hitchin' A Ride" e "The Grouch". Só então, o cumprimento, por educação: "Alright, fucking Rio!" Entre sucessos - ou clássicos, neoclássicos - como "She", "Welcome To Paradise" e o atropelo matador "Basket Case" (todas de Dookie, de 1994), Billie, pândego, brincava de Tom Cavalcante, fazendo imitações. "The beautiful people, the beautiful people", bafejou ao microfone, citando Marilyn Manson. Depois ofereceu provinhas de riffs famosos do rock pesado, todos recebidos com muita vibração: "Iron Man", do Black Sabbath, "Rape Me", do Nirvana, "Eye Of The Tiger"? Sim, aquele exemplo máximo do rock farofa e oligofrênico dos anos 80, tema do filme Rocky 3. "Não vamos tocar p**** nenhuma de metal aqui!", anunciou BJ em seguida.

O baixinho sabe muito bem que está ali pra entreter a platéia. Usa todos os golpes e brincadeiras da história do rock: pede para o povo cantar junto, para levantar os braços, diz que não está ouvindo direito quando respodem, convoca moleques para tocar sua guitarra. Há quem chame isso de populismo e apelação. Mas atitudes como a de brincar com "Eye Of The Tiger" deixam entrever um humor cínico vários pontos acima do QI dos que patrulham o Green Day como "traidor" ou diluidor do ideais punks.

O trio veio para divertir e para esculhambar com tudo - inclusive com um espírito sisudo e pretensioso que, este sim, desvirtuou o que inicialmente era apenas rock debochado. Quem não entende a piada do punk jamais vai adimitir o que acontece no palco a partir de "King For A Day", música que canta os prazeres de... se vestir de mulher - sem culpa e sem conotações homossexuais, só pela farra. Pois bem, nessa hora o trio é reforçado por um trombonista vestido de chili e um trompetista de abelha, dançando ridicularmente e sacudindo as anteninhas tipo Chapolim.

Se Billie Joe não tivesse vestido, uma por cima da outra, nove camisetas suadas que lhe foram atiradas da platéia, talvez tivesse sido ofuscado pelo carismático bichinho. Mas até mesmo um show iconoclasta precisa de um pouquinho de hierarquia. Com um visual meio mendigo, meio múmia, o cantor e guitarrista fez 6 mil pessoas cantarem, pularem e morrerem de rir.

O final pastelão, com o quebra-quebra de instrumentos promovido por Tré e por Mike, não deixou opção para o bis: só sobram Billie e sua guitarra, para tocar "Good Riddance". O que no disco Nimrod é uma balada acústica ganhou um banho de distorção e encerrou uma noite que honra o significado da palavra inglesa show.

No camarim, onde recebeu do presidente da WEA Music, Sérgio Affonso, o disco de ouro pela vendagem do álbum Dookie, Billie Joe estava um caco. Mesmo assim, fez questão de estourar um champanhe - importante: sem molhar ninguém da gravadora - e de agradecer: "Estamos viradaços, não dormimos quase nada. Tocamos ontem em Belo Horizonte - o som estava uma m**** -, viajamos direto e não deu para ver nada do Rio. Mas a platéia foi excelente!" Mais entrega, impossível."
Pedro Só

Billie Joe e sua cabeleira em 98

O setlist completo desse dia pode ser conferido abaixo:
  1. Nice Guys Finish Last
  2. Hitchin' A Ride
  3. The Grouch
  4. Geek Stink Breath
  5. 2000 Light Years Away
  6. Longview
  7. Welcome To Paradise
  8. Trechos de covers: Iron Man (Black Sabbath), Master of Puppets (Metallica), Eye of the Tiger (Survivor) e Rape Me (Nirvana)
  9. Brain Stew
  10. Jaded
  11. Knowledge
  12. Basket Case
  13. She
  14. Prosthetic Head
  15. Redundant
  16. Scattered
  17. Platypus (I Hate You)
  18. King For A Day
  19. When I Come Around
  20. Good Riddance (Time Of Your Life)


Quebradeira dos instrumentos pra finalizar com chave de ouro
A entrega de cada um no palco, suas formas de entreter o público e as músicas carregadas de energia do punk rock agradaram a todos os 6 mil presentes naquele dia. Mesmo cansados, os caras não pararam de agitar nem por 1 minuto. A diversão foi garantida!

Se você também estava presente neste dia, deixe seu comentário.

Veja mais fotos e imagens da apresentação:


Agitando o Metropolitan

BJ mascarado levantando a galera

Show com a energia de sempre

Adesivo de identificação de fotógrafos

Adesivo de permissão para o backstage

Palheta do Mike que peguei como prêmio desse dia inesquecível



4 comentários:

  1. Eu ainda cho que tenho uma palheta dessa até hoje aqui em casa, tenho que procurar no meio das minhas coisas.

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  2. Eu fui nesse show, foi muito foda!
    Eu quase peguei a palheta, mas um menino do Liceu de Niterói pegou quando ela passou voando pela minha mão.
    Mas que show maneiro, cara!

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  3. Nasci numa época errada kkkkk matéria legal amo o Nimrod

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  4. Hahaha ele usou minha touca roxa que taquei no palco

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